Empresas estão otimistas e apostam em itens de melhor custo-benefício, além de múltiplas utilidades, para conquistar o consumidor e ampliar a participação de mercado
O setor de produtos de limpeza está otimista para 2018. Diante da perspectiva de retomada da economia, as empresas apostam que o consumidor está mais disposto a experimentar e investir em produtos que privilegiam a praticidade e o custo-benefício.
O setor movimentou R$ 22 bilhões no ano passado, segundo dados da Euromonitor, e deve avançar para R$ 26,6 bilhões em 2022. “Estamos bastante animados diante da recuperação da economia brasileira”, afirma o diretor-geral da Limppano, Alex Buccheim. A indústria com sede no Rio de Janeiro registrou crescimento de 18% das vendas no primeiro trimestre deste ano e a meta para o ano é de um incremento de 17% sobre os R$ 160 milhões faturados no ano passado.
“Esse desempenho se deve, em parte, à disposição do varejo de estimular as vendas e levar produtos novos às gôndolas, mas também à apresentação dos itens ao consumidor de outra forma, com bom preço e soluções práticas”, avalia.
Segundo ele, nos últimos dois anos o consumidor se dispôs a experimentar outros produtos além das marcas que ele já está acostumado a comprar, o que abriu oportunidades para os concorrentes. “A crise nos obrigou a repensar produtos para oferecermos algo com uso otimizado, que entregue uma solução única ou o mais próximo disso.”
A Limppano espera concluir em 2019 a terceira fase de ampliação da unidade fabril localizada em Queimados, na Baixada Fluminense, com um investimento total de R$ 18 milhões.
A perspectiva também é positiva na avaliação da head de trade da Reckitt Benckiser – dona de marcas como Veja e Vanish –, Manoela Amando. Para ela, o brasileiro tem buscado mais qualidade depois da crise, o que fez com que as marcas da empresa não sofressem tanto no período. “O brasileiro não pode perder dinheiro, a compra tem que ser assertiva, por isso continuamos crescendo na crise”, garante.
As empresas do setor também passam por um processo de reorganização, uma vez que fábricas de matérias-primas nacionais fecharam as portas e os custos de itens como energia e mão de obra também aumentaram. “Acredito que algum reajuste de preços é inevitável diante desse cenário, assim como algum impacto no preço ao consumidor, mesmo que isso não ajude a ter aumento de vendas”, projetou Buccheim.
Marcas próprias
A crise também abriu terreno para as marcas próprias do setor, que devem continuar ganhando espaço na preferência do consumidor, mesmo com a melhora da economia. Conforme dados da Euromonitor, as vendas de produtos de limpeza de marca própria cresceram 4,5% no ano passado. “Observamos que este segmento vem crescendo independentemente da crise econômica”, afirmou ao DCI a gerente de marcas exclusivas do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Carolina Redivo. “O cliente busca uma compra mais inteligente, que una qualidade e preço competitivo, e esse comportamento ocorre mesmo sem crise”, acrescentou.
O grupo tem no segmento a marca Qualitá e pretende lançar mais de 100 novos produtos de limpeza ao longo deste ano, o equivalente a 20% de tudo que será lançado por todas as marcas próprias do GPA.
Já no Walmart, as vendas do segmento cresceram mais de 60% no ano passado. “O portfólio de marcas próprias está saindo das categorias básicas para atender a um público cada vez mais amplo e exigente”, avalia a diretora de marcas próprias do Walmart, Alexandra Pulido.
Para ela, o crescimento também se deve ao reconhecimento da qualidade desses produtos pelos consumidores, mas principalmente ao quesito preços, que no caso da empresa chegam a ser 15% menores que os das marcas de referência. “Uma vez que o consumidor experimenta e constata a qualidade, ele passa a comprar pelo custo benefício.”
Fonte: DCI